segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

João, Maria e as nossas histórias....

E a minha imaginação,
que continua viajando, me levando pra longe
até eu me perder.
Eu que já quis
ser um príncipe, Arlequim ou Aladim.
E a vida, em seu curso natural,
traria você direto pra mim.
Já quis ser o herói e o cowboy.
Enfrentaria os alemães e seus canhões até no meio dos sertões.
Poderia ser o rei ou o juiz,
mas me contentaria, antes de mais nada, em ser o bobo,
que te faria um rock, um samba, um folk e serenatas.
Gostaria de ser o vento, de repente invisível
e assim te ver passar.
E a luz da cidade, ao te colorir, arrancaria
notas e frases de dentro de mim.
Quem sabe ser um astronauta pra poder buscar
estrelas que são frias perto do seu calor.
E um artista pra poder pintar
uma beleza que não se limita em nenhuma cor.
Talvez quem sabe até... o mocinho,
que te salvaria das garras de qualquer vilão,
derrotaria um dragão e continuaria de pé.
Assim eu já tentei ser tantas coisas
apenas para dar vida à qualquer ilusão.
Hoje quero apenas escrever.
E se acaso você ler, traga a paz ao meu coração...



sábado, 12 de novembro de 2011

Obrigado...

      Obrigado por nunca ter existido de verdade, por ter surgido do nada, assim, sem razão.
Te amei sem nunca ter te visto.
Te pintei com as cores mais bonitas nas telas mais limpas.
(Segundo um conhecido, você é linda).
     Obrigado por ter feito de mim quem eu sou, mesmo sem querer. Agora eu componho meu mundo ao meu modo. Construo meu castelo e minhas periferias. Ainda não tenho como saber se isso foi bom ou ruim, mas sei que já tive muitas perdas.
     Te acho cruel por minha culpa. Te criei de um jeito que você não corresponde. De você partem duas forças, uma que me faz te amar e outra que me faz te odiar um pouquinho cada vez mais. Na realidade você é fria, provavelmente por culpa do meu passado. Mas tudo bem, eu aceito.
     O que eu criei é tão distante do real que a sua inimiga ruiva é melhor do que você. Vai entender. Só tenho uma quase certeza de que isso vai me perseguir durante um tempo e acabará por ferrar comigo. É só uma questão de tempo.
     Bem acho que já me expus demais por hoje, então é melhor parar por aqui...

domingo, 30 de outubro de 2011

Vale a pena ?



     Tenho dúvidas e venho relatar aqui o que começou em uma sexta-feira de quase inverno. Eu me mudara para um novo apartamento na Rua 43. Era um apartamento confortável para um homem solteiro de trinta e dois anos. Ficava no décimo segundo e último andar do prédio, com uma ótima vista para a cidade e no corredor havia uma escada que levava para o terraço. Sou escritor e sobrevivo escrevendo alguns contos para uma pequena editora. Às vezes, subo para o terraço para conseguir alguma inspiração. Trabalho de segunda a sábado num pequeno escritório dentro da editora e, na maioria das vezes, levo trabalho para casa.
    O fato é que eu não conhecia nada em meu novo bairro. No sábado, cheguei do trabalho por volta da sete da noite e resolvi sair andando pelo bairro para conhecer melhor o que ele tinha a oferecer. Passei por um mercadinho, uma farmácia, e uma modesta padaria, mas o que mais me chamou a atenção foi um restaurante. Na vidraça dele estava escrito: Aberto 24 horas. Achei ótimo já que não me sobra muito tempo para cozinhar.
    Entrei. Vi algumas pessoas sentadas jantando. Não era um restaurante chique, mas também não era nenhum boteco. Havia algumas mesas e um longo balcão com bancos no estilo daqueles “restaurantes trailers” americanos. Dirigi-me até lá e sentei-me. Um homem grande e barbudo veio me atender, pedi um suco de frutas. Perguntei-lhe se serviam café da manhã e gostei da resposta afirmativa. Fiquei observando uns homens em uma mesa bebendo e conversando, mas logo minha atenção foi desviada. Atrás da ponta do balcão havia uma porta que levava para a cozinha e de dentro dela saiu a mulher mais linda que eu já vira. Seus cabelos negros e longos iam até o meio das costas e contrastavam com a sua pele clara e com os lábios vermelhos. Mas o que me fez esquecer completamente do suco de frutas foram os olhos grandes, verdes e brilhantes. Não eram olhos de cigana oblíqua como diria Machado de Assis, mas eram olhos hipnotizantes que me fizeram ficar completamente atordoado. Para mim ela era a mulher mais perfeita que eu já tinha visto e aquele uniforme de garçonete fez dela minha obsessão. Enquanto saia de trás do balcão, ela olhava em volta. Senti que olhava para mim e virei rapidamente o meu rosto. Sou um pouco tímido. Senti-me tenso, nervoso e sem saber o que fazer fui embora para casa.
    Minha rotina não era mais a mesma depois que me mudei. Comecei a levantar um pouco mais cedo e todos os dias ia ao restaurante para tomar o café da manhã. Jantava nele também todas as noites, atraído mais pelo desejo de ver aquela mulher que despertou algo estranho em mim do que pela necessidade de comer. Fiquei tão obcecado por ela que já sabia até o horário que ela entrava e saia do trabalho e se querem saber, ela entrava às seis da tarde e saia uma hora da manhã. Podem me chamar de louco, mas eu estava apaixonado. E o pior é que eu nunca havia falado com ela. Simplesmente não conseguira dizer-lhe uma palavra. Sempre me sentava junto ao balcão onde o cara barbudo atendia, enquanto as garçonetes só atendiam as mesas. Uma vez, estava bebendo distraído no balcão e quando me dei conta, ela estava passando por mim. Até hoje eu não sei se foi minha imaginação ou se foi realidade, mas eu a vi piscando o olho para mim. Na hora fiquei paralisado e achei que aquilo tudo era um sonho. Fiquei extremamente apavorado, em parte porque isso nunca havia acontecido antes e porque eu não sabia o que fazer. Na outra noite, depois que ela saiu do trabalho, eu a segui. Era uma noite bem fria e provavelmente acharão que eu sou algum tipo de louco ou psicótico, mas eu só queria ter certeza de que ela chegaria bem em casa. Certifiquei-me de que ela não iria me ver, mas uma parte de mim desejava justamente o contrário.
    Uma semana se passou e lá estava eu sentado no mesmo balcão. Começava a pensar na situação deplorável que eu tinha me metido e percebi que eu nunca teria força e nem coragem para dizer a ela o que sentia. Por ela eu era capaz de tudo e sem saber direito o que estava fazendo, escrevi em um guardanapo a seguinte frase: “Você não sabe, mas um dia eu morreria por você”. Quase que imediatamente me senti ridículo e com vergonha de mim mesmo. Tanto que em seguida queimei o guardanapo num cinzeiro. A situação já estava virando uma comedia trágica.
    Na manhã seguinte acordei com raiva de mim mesmo. Fui para o restaurante, tomei o café de sempre e li o jornal. Para mim, a vida não tinha mais sentido e em mim pairava um sentimento de impotência. O café já não me dava a energia de antes, o jornal só me contava mentiras e eu sentia que a minha inspiração vestida de garçonete sugava todas as minhas forças. Mas mesmo assim. Eu ainda a amava. Desejava estar com ela todos os dias e só olhar sua beleza já não me satisfazia mais. A sua beleza era um veneno viciante e a cada dia eu a desejava mais e mais. Percebi que já não tinha mais nada a perder e resolvi falar com ela.
    Cheguei antes do turno de trabalho dela começar. Ela chegou e eu comecei a ficar ansioso. Fiquei a noite inteira sentado no balcão porque queria falar com ela assim que ela saísse. Tomei duas doses de um uísque banal e fumei um cigarro mesmo nunca tendo fumado antes. Depois do que parecia já uma eternidade a hora havia chegado. Ela entrou na cozinha e minutos depois saiu pela porta da frente daquele lugar que fizera da minha vida um caos. Saí em seguida. Ela atravessou a rua, agora sem o uniforme de garçonete e foi em direção a um carro estacionado do outro lado. De dentro do carro saiu um sujeito alto e bem vestido e ela parecia conhecê-lo. Ele abriu os braços e recebeu-a com um abraço e um beijo na boca. Não consigo e nem tenho palavras pra descrever o que senti na hora. A cena me fez voltar à minha infeliz realidade. Parecia que as coisas ao redor estavam desabando. Eu estava na porta do restaurante e não queria acreditar no que estava vendo. Corri de volta para casa não podendo mais negar a realidade.
     Dois dias se passaram e agora depois de tudo, a cidade me parece diferente e mais calma. Daqui desse terraço as coisas parecem tão simples. Só parecem. Mas pelo menos já passou. Fico aqui imaginando se tudo poderia ter sido diferente, talvez melhor ou pior. Sei que o que eu fiz foi errado e que a maioria das pessoas não compreenderia. Sei que na lei dos homens o que eu fiz foi um crime e que na lei de Deus é um crime maior ainda. Mas eu queria saber se a altura desse prédio resolveria meus problemas. Será que se eu der esse mergulho sem volta eu a reencontrarei de novo?


sábado, 22 de outubro de 2011

A Letter to Elise

Bom, coloco aqui a letra traduzida da musica “ A Letter to Elise” da banda  The Cure.
Gosto do nome dessa música e achei que ia combinar com as coisas aqui escritas, mas não que a letra em si possa ter alguma coisa a ver. Pode até ser que tenha, mas eu ainda não percebi...

                     
        A Letter to Elise – The Cure


Oh, Elise, não importa o que você diga
Eu simplesmente não posso ficar aqui todo vez,
como continuar atuando igual do jeito como representamos.
Cada forma de sorrir, esqueça, e faça de conta que nunca precisamos de
Nada mais que isso.
Nada mais que isso.

oh, Elise, não importa o que você faça
eu sei que nunca entrarei em dentro de você
para fazer seus olhos pegarem fogo do jeito que eles deveriam.
Do jeito que a tristeza poderia me colocar dentro,
Se somente eles pegassem...
Se somente eles
pegassem...
Pelo menos eu perderia esta sensação de sentir que
algo mais se esconde longe de mim e de você.

Há mundos que se separam com olhares dolorosos e corações partidos.
E todas as preces que suas mãos conseguem fazer
Oh, eu apenas pego o tanto o quanto você consegue jogar....
E então jogo tudo fora,
oh eu jogo tudo fora,
como jogar o rosto pros céus,
como jogar os braços em volta.

Ontem eu fiquei parado e olhei fixamente de olhos bem abertos na sua frente.
E o rosto que eu vi olhou de volta do jeito que eu queria.
Mas não consigo segurar minhas lágrimas do jeito que você consegue.
Elise, acredite que eu nunca quis isso.
Eu pensei que desta vez manteria todas as minhas promessas.
Pensei que você fosse a garota com que sempre sonhei.
Mas deixei o sonho ir....
e as promessas se quebraram e o faz-de-conta acabou....

Oh, Elise, não importa o que você diga
Eu simplesmente não posso ficar aqui todo vez
como continuar atuando igual do jeito como representamos.
Cada forma de sorrir, esqueça, e faça de conta que nunca precisamos de
Nada mais que isso.
Nada mais que isso.

E toda vez que eu tento agarrar isso
como areia caindo tão rápido quanto eu a apanho
isso foge das minhas mãos apertadas.
Mas não há nada que eu possa realmente fazer.
Não há nada mais que eu possa realmente fazer.
Não há nada mais que eu possa realmente fazer.
Absolutamente...


                    


                               

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os Românticos...

          Nós românticos. Não digo românticos de “filmes água com açúcar”, mas um modo de ser. Uma sina recebida ao nascer. Penso que somos todos artistas. Mentira. Acho muita pretensão me chamar de artista. Acho isso por ser sincero comigo mesmo. Sou apenas um, que tenta fazer alguma coisa, que seja bonita para mim e para mais alguém. Mesmo quando digo que não me importo. É tudo mentira. (Escrevo isso para muitos, mas só me importa que uma pessoa leia). Digo que vou desistir, mas acabo seguindo em frente. Acho que isso é bom. Pelo menos assim descobri nossa fonte de inspiração: O amor (que banal).
         Nós românticos. Gostamos de estar apaixonados mesmo quando feridas se abrem. Gostamos de sentir aquela paixão e juramos que é amor. Aquela coisa que só nós sabemos o quão grande é. A nossa fonte de inspiração. A fonte de todos os prazeres. Maior do que todos os prazeres carnais. Esses quando comparados viram pó. Amamos, mas não significa que conseguimos demonstrar, deixar isso claro, explícito. Alguns sim outros não. Somos obcecados pelo amor, imaginário ou não. Ainda não descobri se essa obsessão é boa ou ruim. Por enquanto eu digo que sim, mas só até cair em desilusão.
        Às vezes penso que somos abençoados e ao mesmo tempo condenados. Abençoados por amar, mas condenados por não existir um alguém. Esse alguém que só existe em nossa fértil imaginação. Um ser utópico que consome horas de puro devaneio só para depois cairmos na fria realidade. Somos capazes de criar uma vida inteira apenas em nossa cabeça, criando personagens e situações ao nosso gosto. Pelo menos em algum lugar temos um final feliz. Acho que isso é o que chamam de “amor platônico”.
       Nós românticos. Somos ávidos por novidades e tão apegados às coisas antigas. Sentimos no coração uma nostalgia poética. Pensamos que nascemos na época errada. Temos saudades do que nunca vivemos e até conseguimos resgatar memórias, apenas olhando a chuva cair. Sentimos, preso na garganta, que esse não é o nosso lugar. Tão pouco podemos chamar de especial.
       Nós românticos somos sonhadores. Ansiosos por emoções. Imaginando a vida como um grande filme, onde estrelamos com aquele alguém especial. Fazemos loucuras. Sentimos-nos presos e queremos apenas nos libertar. Voar. Às vezes ficamos tristes por culpa de nossos sonhos. Mas não me importo.
      Nós, românticos e sonhadores, acreditamos que um dia encontraremos nosso alguém, mesmo que isso também possa ser uma mentira. Achamos ruim que pessoas se relacionem por comodismo. Porém aprendemos a aceitar e nos acostumar, do contrário somos imaturos.
       Não encaro essas condições como sendo ruins. Eu gosto de algumas delas mesmo parecendo tão cruéis às vezes. Eu vejo apenas um único problema. O alguém especial de um romântico nunca corresponde a outro romântico. E é por isso que acho que me ferrei. Muito. Quis escrever esse texto para desatar minha confusão. Acho que não funcionou.

Introdução ?

      Acho que, já que começarei a escrever aqui seria bom que eu me apresentasse. Ou não, então isso será rápido. Vou começar a escrever aqui porque não tem mais nada pra fazer. Claro que esse não é o real motivo, mas ainda assim é valido. Queria um lugar pra escrever o que penso e que algumas pessoas lessem. Qualquer uma serve.

     Não sou poeta e nem tenho pretensões de ser um, muito menos de achar que isso será um blog famoso ou que vá prestar pra alguma coisa. Não sou escritor e nem acho que tenho talento para tal ofício. Se tenho alguma forma de escrever? Acho que todos temos. Me acho bem ríspido e banal. Poderia escrever em um twitter, mas algo com 140 caracteres é inútil pra mim. Alguns textos serão grandes, outros pequenos, não importa contanto que algumas pessoas leiam. Se alguém tiver algo contra, não me interessa.
     A parte de eu me apresentar é mentira. Se alguém quiser me conhecer terá de fazê-lo pessoalmente.
  É, eu acho que é isso.